Veja você, arco-da-velha, arco-celeste, arco-da-aliança, arco-da-chuva, arco-de-deus, são todas palavras usadas para designar o arco-íris. Mas, afinal, por que tantas palavras para um único fenômeno? Simples, isso acontece porque existem muitas histórias que envolvem esse acontecimento, por isso vale explorar o que tem por trás dessa beleza que o céu nos oferece.
Você já deve ter ouvido falar que no final do arco-íris tem um pote de ouro, não é mesmo? Pois vamos conhecer melhor sobre isso. Conta uma história da mitologia irlandesa que pequenos homens, os Leprechauns, conhecidos também como duendes, são criaturas mágicas, muito pequenas, que vivem nas florestas e bosques. Essas pequenas criaturas possuem muitas riquezas, principalmente moedas de ouro. E a história nos diz que os Leprechauns guardam essas moedas de ouro em um pote. E sabe onde eles colocam esse pote? Acertou, se você disse que ele é depositado no final do arco-íris. Contam ainda que é uma grande e difícil aventura descer pelo arco e chegar até o pote de moedas de ouro. Essa é a história que os irlandeses contam.
Há outra referência sobre o arco de cores que é bastante improvável. Contam que, se a pessoa cruzar o arco-íris, mudará de sexo. Sim, isso mesmo: menina vira menino, menino vira menina. Que loucura, não é?
Essa é uma visão supersticiosa que até apequena esse belo espetáculo. Mas o que é uma visão supersticiosa? Essa forma de ver o que acontece está “sustentada” em um conjunto de crenças cegas, fundadas em princípios que não têm uma base confiável. O que é dado como fato, não tem nenhuma relação com a realidade, não há indícios da sua veracidade.
Vamos então buscar as causas desse acontecimento natural através de princípios confiáveis, criteriosos, que obedecem a um processo de estudo.
Sobre o arco-íris, a ciência chegou à seguinte conclusão: o arco-íris surge quando o sol ilumina a umidade suspensa no ar, ou seja, após uma chuvarada, por exemplo, quando um raio bate nas gotinhas de água ou de vapor, a luz branca do sol é desviada e se decompõe, isto é, se divide nas sete cores que compõem seu espectro: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. A cor vermelha é a que se propaga mais rápido, por isso forma a faixa superior do arco-íris. Assim acontece sucessivamente com a ordenação das outras cores, até chegar à cor violeta, que é a mais lenta e, por isso, aparece na parte inferior do arco.
Mas não para por aí as referências que temos desse fenômeno. Encontramos também o registro no Antigo Testamento, em que o arco-íris é considerado uma representação da aliança entre Deus e os homens. No livro do Gênesis, encontramos a narrativa de que, logo após as águas do dilúvio terem diminuído, surgiu o arco-íris no céu. Deus então disse a Noé: “Estabeleço uma aliança com vocês: nunca mais será ceifada nenhuma forma de vida pelas águas de um dilúvio; nunca mais haverá dilúvio para destruir a terra.”.Deus prosseguiu dizendo que o arco-íris seria o sinal da aliança que estava sendo feita com os homens e com todos os seres vivos e com todas as gerações futuras.
Por aí se vê, porque o arco-íris recebeu tantas denominações, não é mesmo?
Mas tudo o que dissemos sobre esse belo fenômeno pode ser expresso de outra forma, mais econômica, mais resumida. Foi o que fez o poeta Wellington Armanelli ao escrever O arco-da-velha. Você poderá observar que nas cinco estrofes, compostas de quatro versos, temos quase todas as informações que registramos acima.
Vamos então explorar esse texto poético.
O ARCO-DA-VELHA
O arco-íris recebe essa denominação – arco-da-velha. Mas essa expressão também é usada para indicar coisas e histórias antigas. Sendo assim, sobre o título podemos concluir: história de arco-íris é uma história do arco-da-velha e arco-da-velha também é um dos nomes dado ao arco-íris.
Se tem chuva e também sol
Lá no céu pode surgir
Uma faixa muito linda
Que vai tudo colorir.
Explicação científica do fenômeno: para o arco-íris surgir, água e sol precisam estar presentes.
O poeta anuncia o fenômeno fazendo uso de palavras que resultam numa pintura da cena retratada, ou seja, as palavras são como pinceladas que fazem surgir o evento multicor.
É que a luz que vem do sol
Pelas nuvens se filtrando
Sete cores traz à terra
O arco-íris vai formando.
Aspectos descritivos retratam o surgimento do arco-íris. Mas não de qualquer forma e sim, com a precisão do uso econômico de palavras. Mas, apesar de serem poucas, elas nos causam a impressão de ver o arco-íris surgir à nossa frente, como se participássemos do acontecimento. Um feliz encontro da realidade com a expressão poética.
É que a luz que vem do sol.
Tem menino que tem medo
De o arco-íris tocar:
A menina vira homem
Ele em ela vai virar.
Apresentação de uma visão supersticiosa do acontecimento natural. Os supostos fatos são apresentados e não são nada confiáveis, como poderemos comprovar na estrofe seguinte.
Nada disso é verdadeiro
Só conversa de bobão
O arco-íris é só luz
Que sofreu refração.
Somente os bobos acreditam em bobagens e, assim sendo, a visão supersticiosa é refutada, rejeitada, porque já foi explicitado nas estrofes anteriores como o fenômeno acontece.
E, em seguida, o poeta reforça o que de verdade acontece: o arco-íris é um espetáculo natural em que a luz sofre um desvio e se divide em cores.
Arco-íris é beleza
Que o céu mandou pra nós
Sete cores são os filhos
Da luz branca do sol.
O poeta apresenta a sua conclusão enaltecendo a beleza e a origem divina (o céu mandou pra nós) desse evento da natureza.
Fechando a sua argumentação, nos dois últimos versos, o autor resume o que a Física comprovou: a luz branca, a mãe, se desdobra em sete cores, seus filhos.
Vimos então que o texto poético é capaz de resumir em poucas estrofes muitas histórias. E vai além, faz isso com uma força de expressão que nos leva a olhar o fenômeno de forma mais atenta e, assim, apreciá-lo.
Mas, sabia que você pode comprovar a veracidade dessas informações? Por outra, sabia que você pode fazer aparecer um arco-íris? Han-han! Por essa, aposto que você não esperava!
Convidamos você a simular esse fenômeno. Para isso, você pode utilizar uma mangueira de água. Bem simples.
Então, com a mangueira, você deve criar uma névoa de água. (Não pode ser um forte fluxo corrente, pois será difícil criar um arco-íris visível.) Assim, você deve fazer uma névoa de água, pressionando a saída da mangueira com o polegar. Deixe formar uma névoa constante, gire-a para que a luz do sol a atravesse diretamente. Isso permitirá a refração desses raios solares pelas pequenas gotículas de água. Dessa forma, você verá o arco-íris se formar na névoa. As sete cores se apresentam para você!
Outra informação que não poderíamos deixar de fora: você sabia que, na verdade, o arco-íris é um círculo completo? Sim. Espere... então é círculo-íris? Novamente a resposta é sim.
Existem situações que favorecem você ver um arco-íris de círculo completo. Para isso, você precisa estar em um local bem alto, em um avião ou helicóptero, por exemplo, ou em uma montanha, onde não se tem o limite da linha do horizonte.
Apresentamos a você um arco-íris de círculo completo. Aprecie!
Quanta história e quanta informação existem por trás de um único fenômeno que, muitas vezes, nós vemos e apreciamos com a devida atenção; outras, nem reparamos o espetáculo que temos ao nosso dispor! Mas, com certeza, na próxima vez em que o arco-íris aparecer no céu, o seu comportamento será outro, pois, quando conhecemos, temos mais condição de apreciar.
Atenção! Se você conseguir ver o círculo-íris, compartilhe conosco essa abençoada ventura! E dedique mais o seu tempo em apreciar eventos singelos que a natureza nos oferece.
Até a próxima!
Nádia de Azevedo Porto
Consultoria e Assessoria Pedagógica
Desenvolvimento de práticas que oportunizam melhores resultados pedagógicos, baseadas em evidências científicas.