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AOS QUERIDOS VOVÔ E VOVÓ!

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H ouve um tempo em que muitos de nós considerava o ato de pedir a bênção um gesto menor, vamos assim dizer, até mesmo, vergonhoso. Eu, por exemplo, me negava a fazer esse gesto sublime, e, quando era obrigada a pedir a bênção, fazia-o de má vontade, sem ter a mínima noção do significado sagrado nele contido. Infelizmente perdemos muito tempo tendo esse pensamento e atitude que revelavam total desconhecimento da graça que essa ação pode proporcionar. Pedir a bênção às pessoas que muito nos quer - pais, avós, tios, padrinhos... – é reconhecer que eles têm o desejo de que a bênção divina chegue até nós; é reconhecê-los como cooperadores de Deus na criação das crianças.

 

E, dentre essas pessoas, que são autoridade na nossa vida, vamos destacar os pais de nossos pais – as nossas avós e os nossos avôs.
 
_ Bênção, vovô! Bênção, vovó!
_ Deus te abençoe!
 
Esse sagrado cumprimento não é tão comum agora, como foi em outros tempos. Isso é lamentável, pois cabe aos avôs a transmissão do saber geracional, ou seja, eles são os porta-vozes da cultura familiar. Através deles, a criança fica sabendo das histórias da família, as anedotas, os relatos que nos fazem rir, chorar, sentir respeito a ponto de nos orgulhar e querer imitar. Por que isso é importante? A história da família faz parte da história da criança. Essa ampliação do repertório de aprendizagem enriquece a vida da criança e também a vida dos avós, uma vez que eles têm o seu valor social reconhecido.
 
Wellington Armanelli, que tão bem representou essa figura do avô, não só para seus três netos como também para muitas outras crianças, deixou registrado o seu reconhecimento para com essas pessoas capazes de incrementar o desenvolvimento social e, até mesmo intelectual, da criança. Veja o que ele escreveu sobre o avô e a vovó. Ele optou por dar voz à criança no texto, falando sobre e também com o vovô e a vovó.

 

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Nos dois poemas, podemos observar a expressão de afeto à referência familiar que a vovó e o vovô representam para o narrador (a voz infantil); como também a correspondência desse afeto por parte dos avós.
 
Especialmente no segundo poema, é apresentada a ideia de continuidade presente na figura do avô e, claro, também na da avó – De sua vidona / Vidinha eu sou. Isso possibilita à criança entender que ela pertence a algo maior, ela entende que não está sozinha, que ela conta com outras pessoas, além da mãe e do pai, para cuidar dela, para dar a ela segurança. É o efeito do sentimento de pertencimento que fortalece o sentimento de segurança, que, por sua vez, possibilita o desenvolvimento saudável da criança.  Além desse, há outro entendimento presente nesses versos: aquilo que a criança é e o que ela será, em certa medida, tem uma estreita relação com os aspectos presentes nos avós – o aspecto físico, alguns gestos, o jeito de caminhar, o jeito mais agitado ou mais calmo de ser, a risada... Esse entendimento contribui na construção da identidade da criança, visto que eles revelam as suas raízes, os seus ancestrais.

 

Ainda no segundo poema, temos a voz de quem fala, revelando a nós quem contou para ela que o avô é uma pessoa amiga: Eu era pequeno / Mamãe me falou / Conheça um amigo / Ele é seu avô. Isso mesmo, cabe aos pais, desde cedo, mostrar à criança o que a avó e o avô representam na vida dela, pois é dessa forma que ela terá condições de desenvolver o afeto, o respeito, a gratidão, por aqueles que vieram antes dela. Afinal, a avó e o avô deram a ela os seus pais, e estes, por sua vez, possibilitaram a sua vinda ao mundo. É como se fosse aquela boneca russa, a Matrioska, a criança percebe como uma coisa pode estar dentro de outra, e de outra, e de outra... Ela se sente mais protegida e isso lhe concede o sentimento de confiança.

 

 

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Os dois poemas oferecem aos pais uma oportuna reflexão, para que eles não só permitam, mas também alimentem a relação direta entre avós e netos. Pois a sabedoria dos avós não deve ser dispensada na educação das crianças, assim como a autoridade dos pais deve ser preservada e respeitada pelos avós. E podemos avançar mais nessa reflexão: o tratamento dispensado aos avós pelos pais servirá como referência para a criança – ela aprenderá a forma que deverá tratar os seus pais na fase adulta.
 
Por tudo isso, eu, você, nós podemos concluir que, não há nada de vergonhoso ou menor na ação da criança pedindo a bênção, beijando a mão da avó e do avô, e estes beijando a mão da criança e dizendo: - Deus te abençoe!. Há sacralidade nesse gesto. E, como perdi tempo, e já não tenho meus pais e meus avós fisicamente comigo, me dirijo a eles através da oração e digo:
 
_ Bença, pai! Bença, mãe! Bença, vovó! Bença, vovô!
_ DEUS TE ABENÇOE! – responderão todos.

 

 

 

 

 

Nádia de Azevedo Porto
Consultoria e Assessoria Pedagógica
Desenvolvimento de práticas que oportunizam melhores resultados pedagógicos, baseadas em evidências científicas.
npdirecaopedagogica@gmail.com